as vezes eu sinto uma vontade de escrever, meio inexplicável, uma vontade de voltar a postar, todos os dias, uma vontade de me mostrar mais, de me descobrir mais, a minha vida mudou tanto, eu mudei tanto, e no entanto, como dizia minha doce clarice, ainda sou a mesma pessoa de antes, ainda tenho os mesmos sonhos, confusos, pequenos, grandes, ainda tenho as mesmas vontades, ainda sou uma pessoa que ama a História, ainda sou uma pessoa que ama as palavras, que ama clarice, que ama o novo, que necessita crescer, que gosta de MPB, sou uma pessoa que tem a melhor pessoa do mundo ao seu lado, tenho uma parceira que é minha parceira, minha amiga, meu amor, minha mulher, e nela, e no amor, eu me descobri tão mais, o que eu gosto, o que eu não gosto, descobri um milhão de novos artistas, de novas vozes, de novos filmes, um milhão de maneiras diferentes de pensar, de amar, de sentir prazer, aprendi e venho aprendendo a viver a dois, a pensar não por mim, mas por nós, por ela, em todo os meus atos, aprendi a pensar nas reações, nos caminhos, aprendi a amar gatos, a dar uma chance pra São Paulo, a ir as praias em Niteroi, aprendi a dormir com alguém, a dividir os lençóis, aprendi, com ela, o amor.
O real, o que não dói, o que vem de volta, a andar de mãos dadas, a beijar com gosto de carnaval, a sentir ciumes, aprendi que brigar dói, aprendi a sentir saudade de quem acabou de estar, aprendi a escutar, a ter paciência, a fazer café, a acordar cedo - ou quase isso -, aprendi tanto, tanto, com ela, com nós, aprendi a ser a mesma e ainda assim, ser um outro alguém.
a mudança é meio que constante, diária, eterna, como o mundo, está sempre o mesmo, mas sempre diferente, acho que faz parte, e eu sempre fui uma pessoa, não adaptada a mudanças, uma pessoa que sempre estudou no mesmo lugar, que escutou as mesmas músicas, que cresceu no mesmo espaço, na mesma cidade, mesma casa, mesma escola, mesmos amigos, que são os mesmos até hoje, e na certeza de que os terei para sempre. Sempre, assim, como a certeza de que terei ela, para sempre, sempre comigo. Nosso imenso amor, nos nossos laços, e enlaços.
Eu te amo, obrigada por me amar, me amar na mudança, nas fases, por me mudar e me fazer ser a mesma, ser sua.
a vontade de escrever vem, a poesia se forma, em formas, e desenforma, em versos, transversos, em sentidos, tão sentidos, na alma, no fundo, no imerso, no submerso, não subverteu, a poesia, nos meus versos, eu te encontro, eu te coloco, eu te reviro, na nossa prosa, romance, capítulos, parágrafos, pontos, virgulas, eu te escrevo, sem dor, meu amor. São versos sinceros, recheados de amor. é uma prosa, deliciosa, como a brisa de sábado a tarde, nos teus braços, como o céu de uma noite clara, cheio de estrelas, de desejos, de sonhos, cheio de nós, de amor, é como nossas terças com pizza, nossos domingos de praia, nossa cerveja gelada no meio da semana, em meio a tanto calor, calor como o dos nossos corpos a se tocarem, se encaixarem, perfeitamente, no nosso ritmo, nosso cheiro, nosso quarto, nossa cama, nossa respiração, tão próximas, como se fossem uma, meus gritos abafados, o seu olhar, suas expressões, suas palavras, que vão saindo e vão ao encontro do meu ouvido, e me fazem te apertar mais, te querer mais, e ser cada vez mais sua, e é toda vez, como se fosse a primeira, até deitarmos, respirando forte, e te olhar com amor, e cara de boba, me encaixar de volta ao teu corpo, e me acalmar aos poucos do teu lado, respirando, fundo, na nossa poesia, nos nossos versos, nos entreolhares, na delicadeza e força dos teus toques, no imerso, dos versos, do nosso amor e sexo. Na poesia, na prosa, no calor e no frio, no eu e você, eu nos vejo em nós.
e essa vontade de escrever, de você, de ser a mesma, e não ser a mesma, ao mesmo tempo, num tempo complexo, em palavras soltas, num ritmo novo, e intenso, na música alta que está tocando, e no fechar dos meus olhos, eu te encontro, aqui, e arrepio meu corpo, e é como se você estivesse aqui, agora, em mim.