segunda-feira, 22 de março de 2010

A Pessoa

Ela andava linda, ainda calma. A vida passava-lhe diante dos olhos, e mais nada tinha sentido. A pessoa tinha ido embora, Ela havia permitido esta partida, sentia seu coração pulsar de tanta tristeza, mas ja não podia agir. Já era passado o tempo. Sentiu apenas escorrer-lhe na face quente uma gota. Chorava. As gotas continuaram, intensificaram-se. Não podia, e não queria mais controlar, deixou-se levar, e chorou, chorou sem se importar, o mundo a sua volta parecia ausente, não escutava mais nada, só chorava e via na sua frente a imagem da pessoa amada.
Queria fugir daquela imagem, que insistia em não sair da sua cabeça, não iria adiantar, estava nela, na sua alma, no seu corpo, ainda era possivel sentir o seu cheiro, era tão estupida em lutar contra, a amava, era a pessoa de sua vida, mas não a tinha, não maIs.
Ela tentou correr, continua a andar sem rumo pela enorme avenida, a noite estava chegando, o barulho do mar era suáve, assim como a leve brisa que balançava seus cabelos, sentiu no bolso o pequeno aparelho vibrar, vibrava insistentemente, mas ela não queria falar com ninguém, ouvir ninguém, ignorou por completo. Andou mais um pouco, avistou aquela velha pedra, que sempre procurava para escapar de seus problemas, para fugir do mundo real, e entrar no mundo que era somente seu, que ninguém era convidado a entrar. Sentou-se, jogou o pequeno aparelho, que ainda vibrava de vez em quando, ao seu lado, sem nem olhar para sua tela, fechou os olhos, e ali permaneceu, no prazer do silêncio, entregue a sua alma, aos seus anceios, suas duvidas, ao seu choro, agora fino, leve, mas ainda constante.
Não se sabe por quanto tempo esteve ali, sentada, de olhos fechados, ou observando o imenso oceano atlântico a sua frente, de repente seu sussego foi enterrompido, sentiu alguém sentando atrás dela, lhe entrelaçando a cintura com um carinho incofudivel, sentiu-se segura, uma felicidade incontrolável tomou-lhe o corpo, a alma, sorriu sem abrir o olhos, entrelaçou seus dedos a aquela mão, sentiu teu cheiro, entregou-se aquele colo que tanta amava, sorria, chorava. disse 'mas como?' ouviu a resposta da pessoa ao seu ouvido 'você é tão previsível, sempre aqui.'.
Beijaram-se com bela ternura, como se matassem a saudade de anos. Abriram os olhos molhados pelas lágrimas de uma tarde inteira, de dias passados. Já não aguentavam, apenas disseram. "Eu Te Amo."

Rachel Torres

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