quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

e se?

eu não sei o que escrever. o que dizer.
estou naqueles momentos que eu acho que poderia ter dito algo mais, ter feito tudo diferente, ter deixado de fazer outras, estou naqueles dias que a gente para e pensa na vida, como um filme, um filme que a gente vê um pouco a cada dia, e parece interminável. e vendo os meus dias passarem assim, meus meses, meus anos, relembrando cada fato e cada pessoa que eu tive, que eu vivi, eu me questiono. não é arrependimento, nem nunca será, é só se questionar.
e se?
e se eu tivesse ficado um pouco mais, se eu tivesse saído mais cedo, se eu escolhesse outra faculdade, outra cidade? e se eu tivesse te abraçado mais, se eu tivesse falado mais, olhado menos? se eu dançasse mais?  pulasse mais, dormisse menos, e se?
é só pensar "e se?" se eu tivesse estudado em outras escolas, se eu tivesse beijado outras pessoas, se fossem outros amigos, outros sorrisos, outros abraços? e se a Vida fosse diferente? e se nada disso fosse assim, como seria? quem eu seria? onde eu estaria...
e se?
se os rumos fossem outros, se os caminhos fosse mais curtos? quais seriam as histórias? quais seriam as minhas palavras? pra quem seriam os meus sorrisos? quem seria o dono dos meus textos? e se o mundo fosse ainda maior, e se entre tantas pessoas eu não perdesse você? e se você ainda estivesse aqui?  se você não tivesse partido? como eu conheceria as pessoas que eu mais amo na vida? por que trilhos a vida me levaria? isso me assusta.
quando você se foi, eu sofri, hoje, eu tenho medo de saber como seria a vida se eu não tivesse perdido você. a vida surpreende a gente, traz e leva, como um movimento sempre continuo, mas nunca em linha reta. encontro o belo e a graça nas curvas, nos morros, quando Clarice me dizia "e daí? eu adoro voar!" é o que eu penso, me jogue, me atire, me deixe pular do penhasco mais alto, que eu vou aprender a voar, eu sei que vou, quando Drummond me contou sobre as pedras no caminho, eu sorri e pensei não em como pula-las, retira-las ou recolhe-las, mas em compreender o porque elas estavam ali, em passar por elas, e saber que estariam no passado, mas que levaria para sempre um pedaço delas marcado em mim, como experiencias, orgulhos e superações. São as curvas, penhascos e pedras da vida.
mas ainda sim, e se?
e se o Renato estivesse aqui? Se das poesias o Cazuza ainda vivesse? Se a Clarice ainda escrevesse e a Maysa ainda cantasse? se minhas poesias fizessem sentido? se eu tivesse aceitado certos pedidos? se naquele dia eu não tivesse ido? e se eu não chorar? se eu não chorar... se eu não olhar para trás? eu não quero olhar, tenho medo daquilo que pode me fazer querer voltar e se eu voltar? se eu voltar...
não tenho arrependimentos, sou feliz, feliz demais, faço o que quero, quando eu quero, e com certeza de tudo, até os erros não me machucam, quando eu fiz, ou achava que era certo, ou fiz certa daquilo, os meus "e se?" de hoje, são apenas curiosidade, no fundo, eu não faria nada, nada, nada diferente, nem uma palavra a menos, um sorriso a mais, talvez, eu sinta falta de ter dito mais um eu te amo, ter mais uns segundos e ter dado mais um abraço em uma unica pessoa, por ser ultimo minha estrela, fora isso, fora você, eu beijaria, me afastaria, e abraçaria as mesmas pessoas.
e se a vida fosse diferente, acho que lutaria, mesmo sem saber, para que ela fosse assim.
eu chorei e me apaixonei, por mais clichê que seja, quando o Pessoa me falou "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena." e tudo, tudo vale a pena. e me lembrei do poeta Pessoa, quando o Chorão me cantou "O tempo às vezes é alheio à nossa vontade, mas, só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível" o tempo pode se alheio as vontades humanas, mas o inesquecível cabe na intensidade da nossa alma. 

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