mais uma vez eu começo a fazer nascer palavras em uma tela branca, um papel sem vida, mais uma vez eu me vejo tão lotada de dúvidas, de incertezas, me vejo confusa em uma certa paz tão incomum, uma certa paz que eu não sei explicar, que eu não sei dizer, não sei ao certo se me encontro dentro desse desencontro, é tanta dualidade, dentro de mim, fora de mim, nos meus papéis, é sem nexo, com um sabor de retrocesso, é a poesia que eu faço na prosa, é a poesia que pinta um pouco dos meus dias, muitas vezes sem rima, muitas vezes sem ritmo, um tiro em um coração parnasiano, e talvez cause certo encanto aos olhos modernistas... talvez.
faz tempo que eu não escrevo nada, que eu não lhe digo nada, eu tenho sido um pouco indiferente, um pouco distante, talvez eu não seja mais a mesma de ontem, e não seja hoje, o que eu serei amanha, é como a história de atravessar o rio, posso atravessa-lo, e em menos de um minuto passar por ele novamente, mas não vai ser o mesma aguá, a mesma areia, o mesmo ar, tudo muda, muda em questoes de segundos, sempre muda, "a mudança é a lei da vida." mudemos então. mudar. mudar. mudar. tempo.
tudo é tempo, tempo de ser, de estar, de mudar, de querer, adoro falar do tempo, escrever pro tempo, como tempo, sobre o tempo, ser o tempo dentro de um tempo só meu, depois de falar de amor, eu gosto de falar do tempo, e quando o tempo passa, o tempo muda, o amor se acaba, mas o tempo continua, "tempo, tempo, tempo és um dos deuses mais lindos" és o senhor de tudo, tempo...
amo o tempo, amo. não acho que o tempo seja cura, não ele não é cura, pelo menos pra mim, já passou tanto tempo, e certos sentimentos, são tão presentes ainda, certa saudade, certo amor... ai esse tempo, essa saudade, esse amor, como esquecer? sem causar certa dor?
Como esquecer?
Sinceramente, eu já nem sei o que eu ia dizer, o que eu quero falar, sobre o que eu preciso escrever... Eu só peço ao tempo, que me deixe esquecer o que tem que ser esquecido, e me permita lembrar do seu olhar, do som da sua voz, da sua risada... tempo, tempo, tempo, não passe apenas, se faça presente doce tempo, se faça presente em mim.
"Ne Parle Pas
J'sais pas comment c'est arrivé
J'sais pas si c'était toi ou moi
Je sais juste que c'était nous
Et notre nature sauvage
Volontairement kidnappée
Délibérément traînée
Décidément arrachée
Pendant que tu coules entre mes jambes
J'sais pas jusqu'où ça ira
J'sais pas si un jour nous pourrons dénouer
Cette grande folie, ou peut-être juste le destin
Est qu'on veut se délier
Je dis tout ça en faisant la moue
Je dis tout ça tendrement
Mais je ne parle pas français
Je ne parle pas français"
eu não falo francês, mas quero aprender, eu não sei mesmo como essa loucura toda começou, e nem o fim que isso vai levar, mas como esquecer? como? não sei, não sei... não sei falar francês, não tenho tempo pra certas coisas, não me importo muito com nada, não gosto de acentos, não uso letra maíscula, apenas quando quero dar enfase a palavra, apenas quando quero que ela seja notada, ela tem que ser forte... eu pontuo, uso pontos excessivamente, virgulas o tempo inteiro, para dar um tempo, para dar a pausa, eu repito, eu mudo o sentido, eu me faço de metaforas, eu misturo linguas, eu entro no mundo lindo da literatura, o papel se torna o mar, eu sou o barco, e as palavras são meus remos, me guiam, me levam, me param, fazem com que eu me perca, e me dão força e o poder de navegar e encontrar, encontra tudo o que eu preciso e me levam para caminhos perdidos, quando eu preciso me perder... minhas palavras, meus remos, meu barco, meu mar, meus papéis, apenas meus... pra sempre Meus.
meu tempo, meu amor, minha saudade, minhas palavras, minhas...
sério, não para mais de escrever. :( mimimi
ResponderExcluirAh Rachelzinha! O que faço sobre o tempo, nem sei, mas muitas coisas que o tempo levou, agradeço todos os dias por ter vivido, pois temos um aparelho que o congela : a memória. Nela o tempo ao invés de levar, trás, e os mesmos gostos, sentimentos e paladares, trazem-nos estados aos quais nos perderíamos de alegria. É quando, sorrateiramente, rimos no meio da rua. Tempo?... Estado de consciência! O que vens pedindo ao universo? Pois será uma ordem.
ResponderExcluirAbraço fraterno