segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E agora José?

"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?"

Drummond.

É dificil escolher, entre tantas e tantas doces palavras a minha favorita, para no dia de hoje, "comemorar" 109 anos do nascimento de um grande, e um dos meus favoritos nomes da fascinante e linda literatura brasileira, eu mesma me questiono, e agora? E agora José?! Parece que encontro minha pedra no caminho, minha pedra és decidir qual poesia mais bela, para homenagear Drummond e que diga um pouco de mim, mas como achar apenas uma?
Então... vou escolher mais um classico, que me arrepia a alma.

"Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."

Carlos Drummond de Andrade

Vamos amar então, amar mais e mais! Esteja em paz Querido Drummond, e que de onde estiver, carregue sempre suas belas palavras <3

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